Eletrobras assedia, pressiona e coage trabalhadores para anteciparem o balanço de 2021

Wilson Pinto Junior, no apagar das luzes, sangra o caixa da Eletrobras e prejudica a nova direção

Com o desespero para fechar o cronograma de privatização da Eletrobras e realizar a entrega da empresa e dos nossos empregos, a Eletrobras (e suas subsidiárias) promove uma verdadeira força tarefa no intuito de concluir o balanço anual de 2021 até 23 de fevereiro de 2022. O prazo antecipa em mais de um mês o tempo de divulgação padrão.

O objetivo da Eletrobras é fechar o balanço neste prazo para que a operação de privatização ocorra até 14 de maio de 2022. Para isso não vão poupar esforços. Já se fala em cancelamento de férias do pessoal da contabilidade, auditoria e controladoria, em pente fino de atestados médicos e prática abusiva e exagerada de horas extras. Tudo isso para entregar a empresa e os empregos. Pois como se sabe, as áreas administrativas, de escritório são as primeiras a serem totalmente demitidas, terceirizadas em caso de privatização. Por isso cada vez mais temos novos contratos com escritórios de advocacia, por isso a Deloitte tem cada vez mais avançado nas áreas de contabilidade e controladoria.

Sempre soubemos das dificuldades em se privatizar a Eletrobras em pouco mais de um ano, até mesmo o famigerado Wilson Pinto entendeu isso e pulou fora do barco. Mas as aves de rapina que governam o Brasil são insaciáveis e vão tentar saquear tudo que puderem antes que a farra da destruição nacional seja finalmente interrompida pelo povo nas eleições do ano que vem.

A lei 14.182/21 da privatização da Eletrobras não tem nenhum comando determinando que a empresa deva ser privatizada até o fim de 2022. Mas Bolsonaro, Paulo Guedes e os setores parasitários do mercado sabem que em 2023 o país estará sob nova direção e que hoje lhes resta pouco tempo para o saque. Estabeleceram um cronograma extremamente ousado para a privatização, que previa a operação concluída em fevereiro de 2022.

Esse plano já furou. A empresa não conseguiu concluir as operações de cisão da Eletronuclear e de Itaipu a tempo de colocá-las no balanço do terceiro trimestre de 2021 e agora tentarão fazer isso no balanço do quarto trimestre. Mesmo assim, por questões de funcionamento do mercado financeiro, precisarão publicar esse balanço antecipadamente, se quiserem fazer a privatização até maio, como previsto no novo cronograma. Se perderem essa segunda janela de oportunidade, só em julho ou agosto, já no meio do processo eleitoral, o que reduzirá e muito as chances dos privatistas.

A vida não está fácil para a diretoria privatista da Eletrobras e para o Ministério de Minas e Energia. Na sessão do TCU, graves irregularidades do processo de privatização foram escancaradas, com números irrefutáveis pela área técnica, pelo MP de Contas e pelo próprio relator do processo, Ministro Aroldo Cedraz. Mesmo assim o governo insiste nesse crime, pressionando e chantageando aquele tribunal.

Mas a verdade é que, independente da decisão final do TCU, se o balanço não for antecipado, não haverá privatização em maio e o sonho dos entreguistas de se apoderar do butim da Eletrobras estará bem distante de se concretizar. Reforçamos que o prazo legal para a divulgação do balanço da empresa é dia 31 de março. Sempre foi assim. Porém, como já dissemos, recentemente a Eletrobras divulgou um novo cronograma, prevendo a antecipação para o dia 23/02/22, com o único objetivo de privatizar a empresa enquanto há tempo.

Somos trabalhadores de uma estatal. Não seremos colaboradores da nossa própria degola. Nosso objetivo é contribuir para com a sustentabilidade da empresa e para a satisfação do interesse público. A privatização da Eletrobras, ainda mais com tamanha quantidade de irregularidades, definitivamente não tem nada a ver com o interesse da sociedade, muito pelo contrário.

Todos sabem que esse cronograma para antecipar o balanço é insano e impossível de ser cumprido nos ritos legais. Ainda mais considerando a redução de mão de obra dos últimos anos. Não vale a pena fazer um esforço tremendo, colocar o próprio registro profissional e o próprio CPF em risco apenas para satisfazer a ganância de um governo de destruição e morte.

Se a Eletrobras for privatizada, você e seus colegas serão demitidos. Foi assim em todas as empresas do setor que foram privatizadas recentemente, não há nenhum motivo para acreditar que conosco será diferente. Não colabore com quem quer te demitir.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários tem um eficiente Canal de Denúncias no site Salve a Energia: https://salveaenergia.com.br/escuta-digital/ – absolutamente qualquer tipo de abuso ou assédio reportado a nós, será denunciado no Ministério Público do Trabalho, que sirva de lição aos administradores o recente caso da Fundação Palmares. Estamos preparando um arsenal jurídico para combater este descalabro e vamos fundo no MPF e MPT. Por eventual não confiabilidade em contas antecipadas e açodadas iremos também ao Conselho Federal de Contabilidade, ao TCU, aos Auditores Externos da Eletrobras, à CVM, à SEC e à Comisión Nacional del Mercado de Valores. Tudo será milimetricamente acompanhado e denunciado. Entreguistas passageiros não terão vida fácil!

E um recado importante para cada trabalhadora e trabalhador da Eletrobras, da CGTEletrosul, da Chesf, da Eletronorte,  de Furnas, da Eletronuclear, da Eletropar, do Cepel, ressaltamos mais uma vez: É preciso estar atento e forte! Resistir! Denunciar! Não se curvar ao assédio, não aceitar abuso de hora extra. Não aceitar pressão/coação de ninguém. Muito menos de quem está na Eletrobras de passagem e com o prazo de validade vencido! Eles vão te oferecer mundos e fundos para depois te colocarem no olho da rua! Não passarão!

Reprodução Boletim do Coletivo Nacional dos Eletricitários.

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