A Eletrobras apresentou no terceiro trimestre de 2022 um prejuízo de R$88 mil. Em 2021, ainda enquanto empresa estatal, a Eletrobras obteve um Lucro de R$965 milhões para o mesmo período.
3º Trimestre de 2022
Receita Líquida: R$8 bilhões
EBITDA: R$3,2 bilhões
Resultado Financeiro: -R$1,8 bilhão
Prejuízo: R$88 mil
O prejuízo obtido no 3º trimestre de 2022 é resultado, em grande medida, da irresponsável operação de aporte na SPE Santo Antônio Energia, que foi amplamente denunciada e combatida pelas entidades sindicais e que, por pouco, não impediu a realização da privatização da Eletrobras. Essa operação de aporte de recursos feita por Furnas na SPE Santo Antônio Energia resultou na incorporação e consolidação à Eletrobras, repercutindo sobre o resultado da Eletrobras. Como consequência, a dívida da Eletrobras sofreu um grande aumento, superior a R$18 bilhões, e sua dívida líquida que era de R$15 bilhões no 2º trimestre de 2022, passou para mais de R$33 bilhões no 3º trimestre de 2022. Como consequência, o resultado trimestral da Eletrobras foi afetado pelo aumento dos encargos com dívidas. O acréscimo com encargos derivados da incorporação da Santo Antônio Energia é de cerca de R$300 milhões por trimestre.
Assim, a operação de aporte que resultou na tomada do controle e incorporação de Santo Antônio Energia provocou também um aumento do nível de alavancagem da empresa, reduzindo sua capacidade de investimento. Esse movimento desvela a hipocrisia do discurso que advogava pela necessidade da privatização para aumentar a capacidade de investimento da Eletrobras. Pelo contrário, a privatização reduziu a capacidade de investimento da empresa, tanto pela incorporação da Santo Antônio Energia quanto pela perda da União como garantidora de última instância, o que fazia com que o rating da Eletrobras estivesse sempre associado ao rating do governo, de baixo risco de inadimplência.
O resultado do terceiro trimestre da Eletrobras foi impactado também pela inadimplência da Amazonas Energia, empresa privatizada, que não honrou pagamentos de dívida que possui com a Eletronorte. De acordo com o relatório trimestral da Eletrobras, o não pagamento dessas dívidas resultou no lançamento de uma provisão no valor total de R$ 478,5 milhões, indicada como Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa.
Ou seja, a realidade das privatizações mostra que, tanto na Amazonas Energia quanto na Eletrobras, as privatizações serviram mais para agravar os problemas dessas empresas do que para resolvê-los. E, infelizmente, logo as consequências maléficas da privatização em termos de qualidade do serviço e preços ficarão cada vez mais óbvios para a população.
Por isso, a AEEL reitera seu compromisso com a luta pela reestatização da Eletrobras, para que a Eletrobras volte a ser uma empresa do povo e para o povo!
*Reprodução boletim da Associação dos Empregados da Eletrobras – AEEL