Para combater posição de Lula, Eletrobras faz contrato milionário de comunicação

Fernando Frazão/Agência Brasil.

Desde que assumiu o governo brasileiro, o Presidente Lula deu diversos sinais de descontentamento com o processo de privatização da Eletrobras. Tudo em linha com suas declarações no período de campanha e com seu programa de governo. Recentemente, Lula classificou a privatização da Eletrobras como “crime de lesa pátria”, “uma bandidagem” e afirmou que a privatização estava em processo de revisão e que a Advocacia Geral da União iria entrar na justiça para defender os direitos da União na condição de acionista da Eletrobras.

Pronto! Isso foi o suficiente para que a elite do atraso, instrumentalizada pela direção da Eletrobras, saísse das suas salas de jantar para defender o nefasto produto da agenda liberal de Bolsonaro e Paulo Guedes: a torta e criminosa privatização da Eletrobras.

Uma ofensiva organizada na imprensa e nas redes. De plantão, no dia 23/03, o senador bolsonarista Rogério Marinho (PL/RN) veio em defesa da privatização e classificou a revisão do processo como atraso. Em suas redes sociais, o senador usou termos adequados para um privatista. Nada de novo debaixo do sol.

No mesmo dia, em uma ofensiva combinada, editoriais dos jornais O Globo (RJ) e O Estado de São Paulo partiram ao ataque às falas de Lula e fizeram uma série de comentários ideológicos sem fundamento e com muita informação mentirosa. O peso panfletário e alarmista dos editorias é digno destes jornais que sempre foram historicamente pró privatizações.

Com o circo armado, veio a público na mesma linha crítica o presidente do Tribunal de Contas da União, o Ministro Bruno Dantas. Nenhuma surpresa. Nos acórdãos do TCU que definiram a continuidade da privatização da Eletrobras, Bruno não só votou a favor dos pareceres como também se disse favorável a qualquer tipo de privatização por ideologia. A despeito de o mérito da privatização não estar em discussão no TCU, mas sim as contas da venda da Eletrobras e os eventuais prejuízos ao erário público.

Em cima do muro como lhe é peculiar, o Ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira contradisse Lula que a privatização da Eletrobras estava consolidada, que era página virada. Mas por outro lado disse também que o contrato é lesivo para a União enquanto acionista e disse ser legítima a discussão. Palavras de um perfeito “bagre ensaboado” privatista.

Já o presidente da Câmara Arthur Lira combateu na mídia e nas redes a revisão do processo. Lira foi um dos articulistas da privatização no auge da pandemia e conseguiu muitos votos para a aprovação via emendas do famigerado orçamento secreto. Lira chegou afirmar que “não existe a menor chance de a reestatização da Eletrobras ser aprovada na Câmara”. Será, Lira?

Ainda neste “samba de uma nota só”, não poderia faltar uma declaração de Elena Landau em sua coluna no Estadão. A diretora de desestatizações do BNDES nos anos 90, Landau ficou conhecida no mainstream como a “musa das privatizações”. Curioso é que ela agora critica a revisão da privatização da Eletrobras, mas durante o processo legislativo da MP privatista se posicionou de forma veementemente contrária chegando a chamar de “a pior privatização da história”.

Por fim da defesa contra a revisão da privatização, Joisa Dutra, ex-diretora da ANEEL, autora de livros e artigos sobre a liberalização do setor elétrico, publicou artigo na Folha e Adriano Pires lobista histórico pró privatização escreveu coluna crítica no Poder 360.

Essa ofensiva da mídia é qualquer coisa, menos um movimento espontâneo. A direção da Eletrobras acuada pela posição firme do presidente Lula, decidiu investir pesado em contra narrativa organizada. Esta mobilização privatista na mídia e nas redes tem as digitais da ArtPlan, mega empresa de comunicação contratada recentemente pela Eletrobras por dezenas de milhões de reais. Nada de novo para a “Eletrobras Gestão Wilson Pinto” que já pagou milhões de reais para a FSB falar mal da Eletrobras quando era estatal.

Aqueles que partiram ao ataque à posição do Presidente Lula, o fizeram por comprometimento com a elite do atraso, as velhas capitanias hereditárias. Não estão preocupados com a desindustrialização do Brasil ou o aumento da conta de luz para os mais pobres. Pois bem, privatistas! O Coletivo Nacional dos Eletricitários está com Lula! Essa luta também é nossa! Estamos prontos e lutaremos o bom combate até a nossa vitória final! Nossa resposta será dada! Quem viver, verá!

Reprodução boletim do Coletivo Nacional dos Eletricitários.

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