Privatização da Eletrobras compromete futuro energético do país, alerta campanha em defesa da estatal

Empregados da Eletrobras criticam falta de análise do setor elétrico

“Diante desse processo anunciado (pelo governo de Jair Bolsonaro) de entrega das empresas estatais brasileiras, como a Eletrobras, a Petrobras, os bancos públicos, os Correios, a água e o saneamento, as consequências serão inevitáveis: o aumento de tarifas e dificuldade de acesso a bens e serviços públicos pela população”. O alerta foi ressaltado pelo deputado federal Leonardo Monteiro (PT/MG), durante lançamento da campanha “Salve a Energia – pelo futuro do Brasil”. O evento virtual foi organizado pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) e reuniu parlamentares e especialistas do setor elétrico, na noite desta quinta-feira (18) .

A mobilização pretende alertar a sociedade e parlamentares sobre os prejuízos da privatização do setor elétrico com a Medida Provisória 1031/2021, conhecida como “MP do Apagão”. Enviada pelo Planalto ao Congresso, ela cria condições para a privatização da Eletrobras, estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia e que responde por 30% da energia gerada no País.

É a terceira tentativa do governo de privatizar a estatal desde o anúncio da inclusão da Eletrobras no Plano Nacional de Desestatização (PND), em 2017, pelo governo de Michel Temer. Na ocasião, a resistência dos eletricitários contra os ataques ocorreu a partir da campanha “Energia Não é Mercadoria”, com a CNE à frente.

Brasil perde “vantagens”

Segundo o engenheiro elétrico Ronaldo Bicalho, doutor em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Enérgetico (Ilumina), a agenda do setor elétrico mundial é a da transição da matriz energética. “Deixando os combustíveis fósseis e caminhando para energias renováveis, em especial, pra energia eólica e solar”.

Para ele, o Brasil, através da Eletrobras, detém grandes vantagens nesse cenário. “Na estocagem de energia, através de nossos reservatórios. Nas grandes integrações espaciais de sistemas, através do nossos sistemas de transmissões. E em centrais extremamente flexíveis, que são as nossas centrais hidrelétricas. Temos recursos importantes e estratégicos e podemos ter um custo muito menor (de geração de energia) que os outros países”, afirmou o senador Humberto Costa (PT).

Em sua participação, o governado do Piauí, Wellington Dias (PT) destacou o papel essencial da Eletrobras como provedora da distribuição da energia a toda a população “O Brasil trabalha setores estratégicos com o controle nacional. É o caso do setor de energia, através da Eletrobras, da Chesf e de outras. Até para que o país tenha não só um controle estratégico, mas um suporte de conhecimento sobre preços e, a partir daí, garantir as condições de uma politica nacional. Por essa razão, salve a energia. Vamos proteger a Eletrobras”.

Sem justificativas

“A Eletrobras é uma empresa caracterizada por sua competência e excelência técnica, capaz de inovar e produzir energia sustentável.
Uma empresa lucrativa, que tem condições de investir e ajudar o desenvolvimento do nosso país”.

O senador Jean-Paul Prates, do PT/RN, lembrou que a Eletrobras não é deficitária e gerou R$ 24 bilhões de lucro nos últimos três anos. Porém, foi avaliada para ser vendida, pelo governo Bolsonaro, por um lance mínimo de R$ 16 bilhões. Um negócio fantástico. Infelizmente, não para os brasileiros”.

Tuitaço às 14h

“Não dá para entregar o controle do seu sistema elétrico. Como foi citado por outros, 70% do sistema elétrico dos Estados Unidos é cuidado pelas Forças Armadas. Na China são 100%”, lembrou o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), conclamando a população a participar da resistência à privatização da Eletrobras pelo governo Bolsonaro.

A primeira mobilização virtual da campanha será um tuitaço, na tarde dessa sexta-feira (19), a partir das 14h. Os eletricitários pedem que as pessoas acionem parlamentares e enviem mensagens, pelo twitter, com a #SalveaEnergia.

Via https://www.redebrasilatual.com.br

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