Efeito Orloff: com grupo 3G no comando, rombo bilionário das Lojas Americanas pode se repetir na Eletrobras

Um grupo de empresários que representa o que há de mais retrógrado na economia mundial fez lobby e conduziu a operação que tomou de assalto a Eletrobras. Estamos falando da 3G Radar de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

A 3G Radar está agora envolvida em mais um escândalo: é a principal acionista das Lojas Americanas, uma das mais tradicionais empresas de varejo e e-commerce da América Latina.

O carioca Sérgio Rial, de 62 anos, ficou apenas dez dias na função de CEO das Americanas. Nesta semana ele denunciou um rombo de R$ 20 bilhões e “inconsistências contábeis” no balanço financeiro da empresa que teria acontecido nos exercícios anteriores a 2022.

Ao que parece, a denúncia de R$ 20 bilhões é só a ponta do iceberg. Já aparecem valores de endividamento assumido (antes omitido) de R$ 40 bilhões. E essa conta pode ser muito maior e levar a tradicional Lojas Americanas à falência.

Isso ligou o alerta em todas as empresas em que o grupo 3G Radar usa a estratégia de iminência parda (éminence grise), um poderoso assessor ou conselheiro que atua “nos bastidores” ou na qualidade não pública ou não oficial manipulando testas de ferro.

Pois foi justamente Lemann e sua turma do 3G que operaram a Privatização da Eletrobras, colocaram Wilson Pinto como testa de ferro e chamaram a operação de Corporation, mas quem dá as cartas na Eletrobras hoje <todo mundo sabe> é justamente o grupo 3G.

Não custa lembrar que foi o grupo 3G de Lemann que colocou Elvira Presta como diretora financeira da Eletrobras, ainda no governo Temer. Já com o intuito de preparar a privatização da Eletrobras.

Na Eletrobras já se aplica o falido método 3G de gestão, difundido por Vicente Falconi, o tal Orçamento Base Zero, uma fórmula perfeita de destruir empresas, cortando custos e desmontando a memória técnica e a capacidade de inovação. Parte do pacote que eles maquiam com nomes como downsize e turnaround.

Nos dias de hoje, aliás, não só Elvira continua diretoria da Eletrobras, como o próprio Falconi está no Conselho de Administração da empresa. Agora, porém, todos com seus devidos supersalarios e bônus milionários.

A história confirma que o grupo 3G gosta mesmo é de monopólio. Criou o monopólio da cerveja com a AmBev no Brasil, comprando a Antártica e a Brahma. E até hoje quando as cervejas da AmBev perdem mercado, o que faz a AmBev? Compra cervejarias concorrentes.

Nos últimos anos o grupo 3G de Lemann adquiriu outras empresas, como as Americanas e a tradicional fabricante estadunidense de alimentos processados Kraft-Heinz.

A 3G quebrou a Kraft-Heinz e as Lojas Americanas estão indo para o mesmo caminho. Esse também será o destino da Eletrobras?

O caso das Americanas é ainda mais parecido ao da Eletrobras, uma vez que as duas companhias são também clientes da mesma empresa de auditoria externa a Price Waterhouse Cooper (PwC). A mesma Auditoria que não viu os rombos bilionários das Americanas, chancelou os balanços de Furnas e da Eletrobras depois de uma operação extremamente suspeita de aquisição e aumento de capital da falida Usina de Santo Antônio. Tudo feito às pressas com direito a republicação de balanço no Brasil e em Nova York. Absolutamente um vale tudo para viabilizar a Privatização da Eletrobras!

A PwC definitivamente não é confiável. E o grupo 3G de Lemann é um sanguessuga de empresas. Compram empresas maduras, com mercado consolidado, cortam custos até o osso, aumentam margens de lucro às custas da competitividade até que as empresas quebrem. Mas aí os donos da 3G já multiplicaram muitas vezes seu baixo investimento. Esses parasitas nunca criaram nada, além de crise e destruição.

Os rentistas da 3G conseguiram privatizar a Eletrobras com o argumento de que haveria mais investimentos. Passados mais de seis meses da privatização não se viu investimento nenhum. Mas não faltou demissão em massa e aumentos absurdos de remuneração para os administradores, enquanto a empresa registra o primeiro prejuízo em muitos anos.

Em 1987, uma criativa publicidade de vodca fez famosa a frase “eu sou você amanhã”, dela se originou a expressão “Efeito Orloff” (a marca da vodca da publicidade), para nomear o que poderia acontecer amanhã no futuro com determinado indicador. É preciso retirar a Eletrobras urgentemente das mãos desse capital parasita e devolvê-la aos brasileiros, caso contrário a Eletrobras será as Lojas Americanas de amanhã e a conta sobrará para todo o país.

Reprodução boletim do Coletivo Nacional dos Eletricitários.

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