Eletricitários denunciam crimes contra o país e querem que Lula reveja venda da Eletrobras

Lula disse que o processo teria sido "errático" e "quase que uma bandidagem". (Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula | Reuters)

O Coletivo Nacional de Eletricitários (CNE) divulgou manifesto denunciando possíveis acordos espúrios, tentados pelos novo donos da empresa, que legitimariam os crimes ocorridos na escandalosa venda da maior estatal de energia da América Latina

O Coletivo Nacional de Eletricitários (CNE), um grupo de lideranças da categoria que apoiou a eleição de Lula para a Presidência, divulgou na quarta-feira (31) um manifesto defendendo a apuração completa das falcatruas e crimes cometidos pelo governo Bolsonaro na privatização da Eletrobrás.

O documento dos trabalhadores denuncia a tentativa da empresa privatizada de chegar a um acordo espúrio com o governo para impedir o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7385 de autoria do Planalto contra os abusos cometidos na negociata envolvendo a venda da Eletrobrás.

Os líderes dos eletricitários lembram que “diferentemente das privatizações dos anos 90 quando um dono ou grupos de grandes acionistas compravam uma empresa em leilão, a privatização da Eletrobrás trouxe um compêndio de cambalachos na sua essência”. “Primeiramente, foi feita por aumento de capital que diluiu as ações do governo brasileiro sem que fossem compradas novas ações ou controle”, denunciam.

“Para piorar”, acrescentam os eletricitários, “estabeleceram regras que mesmo que o governo permanecesse com quase 45% da Eletrobrás, poderia votar em assembleias de acionistas somente com 10% dos votos. Algo podre e inédito no capitalismo mundial”. “Um Ministro do TCU chegou a afirmar que “se a Eletrobrás fosse minha, eu jamais a venderia com essas contas”. Parece piada, mas não é”, aponta o manifesto.

Os sindicalistas destacam que não são somente eles que denunciam os crimes e o cambalachos na privatização da Eletrobrás no governo Bolsonaro. Eles citaram no documento as frases do então candidato a presidente Lula, que chamou a privatização da Eletrobrás de “escárnio”, “bandidagem”, “crime de lesa pátria”. Lembraram também que Lula alertou aos privatistas que acertariam as contas com o governo caso ele fosse eleito.

O documento denuncia que “o direito de propriedade no Brasil foi aviltado por piratas”. “Criaram no Brasil, com a privatização da Eletrobrás, uma classe de ações estéreis ou as ditas ações “nem/nem”. O governo Brasileiro possui 33% de ações da Eletrobrás que nem são ordinárias porquê não dão direito a voto, nem são ações preferenciais porquê não dão preferência no recebimento de dividendos. É um autêntico sequestro de capital do governo brasileiro. Um eletrogolpe!”, apontam os eletricitários.

O grupo se coloca contra o “acordo” que está se desenhando nos bastidores de Brasília. “O que nós esperamos do Governo Lula sobre a privatização da Eletrobrás é uma profunda investigação de agentes públicos e privados que aproveitaram o desvio de foco do auge da pandemia da COVID-19 para cometerem os maiores absurdos na privatização mais entreguista da história do Brasil”, diz o manifesto.

“O Brasil não quer anistiar os crimes cometidos pelo governo Bolsonaro. É por isso que a Controladoria Geral da União investiga com firmeza a venda da refinaria RLAM (Petrobras) na Bahia. É nesse sentido que o Supremo Tribunal Federal vai fundo no inquérito da rachadinha de Flávio Bolsonaro. É nessa lógica que a Polícia Federal apura milimetricamente o escândalo das joias vendidas por Bolsonaro. É por isso que o 08 de Janeiro teve suas consequências”, argumentam os eletricitários.

“São muitas evidências de dano ao erário e de improbidade administrativa. Entregamos absolutamente tudo à Advocacia Geral da União. Agora basta vontade política para estar do lado certo da história. Nós não nos calaremos diante deste absurdo! Quem viver, verá!”, conclui o manifesto pela revisão da venda da estatal nacional de energia.

Por Hora do Povo – publicado em 4 de agosto de 2024.

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